Segundo a PETA, consumir carne de frango diminui o tamanho do pênis

Eu li um tweet hoje que mais parecia coisa do Sensacionalista. Acompanhado de um vídeo, publicado pela famosa organização "contra o abuso" animal, a mensagem relaciona o consumo de carne de frango durante a gravidez com o tamanho do pênis do feto. Os culpados? Segundo eles, os ftalatos, um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico. Mas isso está mais parecendo a apropriação equivocada de uma pesquisa científica para colocar medo à população.

Que diz o vídeo? O vídeo é uma pequena "obra de arte" desde o título "Comer frango pode fazer com o pinto de seu filho seja pequeno". Segundo explicam, os ftalatos são uma família de substâncias químicas utilizadas em plásticos, pinturas e embalagens (mas também no frango) que produz uma redução do tamanho do órgão. Ademais, para cerejar o bolo, dizem que a relação é claríssima: "quanto mais frango é consumido, menor é o pênis".

De onde tiraram isso? Segundo a PETA, origina-se em um estudo de 2008 financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA. Sempre segundo a PETA, porque o estudo diz que existe certa "preocupação atual ante o fato de que a exposição a baixas doses de ftalatos afete vários marcadores do desenvolvimento genital masculino humano".

De fato, é possível encontrar os ftalatos praticamente em qualquer coisa que seja plástica -inclusive com outros nomes como butila, benzila, dietila e dioctila, entre outros-. A razão da aplicação desdobradas da substância é que ela tem a particularidade de tornar plásticos rígidos em maleáveis.

Também são muito usados em cosméticos para dar brilho e fixar a cor e em outros produtos de uso geral tanto para adultos como para crianças, como hidratantes, sabonetes líquidos, desodorantes, xampus e condicionadores, para emprestar-lhes o aspecto de cremosidade.

Além dos cosméticos, podem ser encontrados em embalagens de alimentos, copos plásticos e brinquedos para crianças. O problema é que os ftalatos não tem propriedades que permitam se fixar quimicamente aos plásticos, assim são liberados conforme o uso, quando entram em contato com o ser humano e o meio ambiente.

O ser humano também pode ingerir ftalatos devido a sua presença em embalagens para alimentos. Isso acontece porque o composto presente no plástico entra em contato direto com o alimento embalado, sobretudo os gordurosos. Na prática, segundo a Anvisa, os ftalatos podem facilmente se unir a gordura dos alimentos.

Algumas pesquisas acusaram que a substância pode estar realmente relacionada à ocorrência de problemas reprodutivos em animais silvestres. Em humanos há evidências causais de desequilíbrio hormonal e redução do número de espermatozóides.

Exatamente por isso os ftalatos estão classificados como possivelmente carcinogênicos para humanos, e  desde 2009 a concentração da substância é limitada a 1% em copos e garrafas plásticas descartáveis, e a 0,1% nos brinquedos para crianças. Padrões considerados seguros para a saúde.

Como dá para notar,o composto é usado de forma muito estendida e está presente inclusive na água da torneira que bebemos, já que os tubos de PVC também levam ftalato. Inobstante, não é apenas a carne que pode ter a presença da substância, mas também qualquer vegetal. Tanto é que o estudo relatado pela PETA não menciona em momento algum o consumo de frango nem o tamanho do pênis dos nosso filhos.

Mas de onde surgiu este alerta sem pé nem cabeça então? A verdade é que faz alguns anos que a PETA vem sendo duramente criticada por sua atividade mais parecida com ações de extremistas do que na defesa dos animais, inclusive e paradoxalmente matando (eles dizem eutanizando para eufemizar) milhares de animais confiados à organização a cada ano. A reposta à pergunta: possivelmente um "jênio", que perdeu o volume da massa encefálica e que, em vez de, com razão, criar consciência para o decréscimo do uso dos ftalatos por ene motivos, achou que seria mais lacrador associá-lo com o consumo de carne e o tamanho do pinto. Aff!