![]() | Na 45ª edição do Oscar, Marlon Brando foi escolhido para receber o prêmio de Melhor Ator por sua atuação memorável como Vito Corleone em "O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Após o anúncio de Marlon como vencedor pelos apresentadores Roger Moore e Liv Ullmann, uma mulher vestida com um traje de pele de veado bordado subiu ao palco em seu lugar. Recusando o prêmio em nome do ator, a mulher se apresentou como Sacheen Peninha, uma indígena de ascendência Apache, escolhida por Brando para recusar o prêmio em protesto contra o tratamento dado aos indígenas em Hollywood. |

Depois que o nome de Brandon foi anunciado, Sacheen Littlefeather subiu no palco e fez um breve discurso improvisado explicando as razões pelas quais Brando declinou do prêmio.
Brando tinha preparado um discurso de 15 páginas, mas o produtor do programa, Howard W. Koch, ameaçou mandar prender Sacheen, se ela tentasse ler todo o discurso e deu-lhe apenas 60 segundos no palco
Após as breves palavras de Sacheen, que geraram aplausos e vaias da plateia, ela foi rapidamente conduzida para fora do palco e para a área reservada à imprensa, onde respondeu às perguntas dos repórteres ávidos.
Depois de sua aparição no Oscar, Sacheen foi inundada por pedidos de trabalhos como modelo e atriz, mas mais tarde declarou que foi rapidamente banida da indústria cinematográfica devido ao seu ativismo pelos direitos dos nativos americanos.
Anos mais tarde Sacheen contou que foi imediatamente colocada na lista negra de Hollywood. Recebeu ameaças de morte, alguns amigos seus receberam a visita de agentes do FBI e diretores foram ameaçados de serem expulsos do negócio caso a contratassem.
Ela se tornou um membro respeitado da comunidade indígena da Califórnia e liderou grupos de oração para Kateri Tekakwitha, o primeiro santo católico nativo americano. Em 1988, trabalhou com Madre Teresa ajudando pacientes com AIDS em cuidados paliativos, e mais tarde fundou o Instituto Americano Indígena AIDS de San Francisco.
Sua carreira, no entanto, nunca deslanchou e em 2022, quase 50 anos depois do infame discurso, finalmente chegou um pedido de desculpas corporativo.
- "O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificável e indefensável", escreveu o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, David Rubin, em uma "declaração de reconciliação" enviada a Sacheen.
- "O fardo emocional que você viveu e o custo para sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis. Por muito tempo, a coragem que você demonstrou não foi reconhecida. Por isso, pedimos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração."
Na época, Sacheen respondeu com uma declaração dizendo:
- “Em relação ao pedido de desculpas da Academia, nós, indígenas, somos um povo muito paciente, afinal, só se passaram 50 anos! Precisamos manter o senso de humor em relação a isso o tempo todo. É o nosso método de sobrevivência."
Nós contamos esta história até aqui no artigo "O dia em que Marlon Brando constrangeu toda Hollywood (e por um bom motivo)", mas alguns poucos meses depois Sacheen morreu aos 75 anos e seu caso deu uma reviravolta de 180°.
O legado de Sacheen Peninha foi questionado novamente semanas depois, quando duas de suas irmãs biológicas, Rosalind Cruz e Trudy Orlandi, foram a público alegar que ela havia falsificado sua ascendência indígena.
Nascida Maria Louise Cruz, Peninha adotou sua identidade indígena americana, "Sacheen Littlefeather", no início dos seus 20 anos, quando começou a se envolver com o ativismo, apesar de supostamente ser descendente de mexicanos, e não de indígenas americanos.
- "É mentira. Meu pai era quem ele era. Sua família veio do México e ele nasceu em Oxnard, na Califórnia”, disse Trudy. - "É uma fraude. É repugnante para a herança dos povos indígenas. E é simplesmente... um insulto aos meus pais", completou Rosalind.
As irmãs também refutaram as alegações de Sacheen sobre pobreza na infância e abuso parental:
- "Meu pai era surdo e perdeu a audição aos nove anos de idade devido a uma meningite. Ele nasceu na pobreza. Seu pai, George Cruz, era alcoólatra, violento e o espancava. Ele foi transferido para lares adotivos e famílias de acolhimento. Mas minha irmã Sacheen assumiu o que aconteceu com ele”, disse Rosalind, acrescentando que Sacheen mentia até para a própria sombra.
- "A melhor maneira que consigo pensar para resumir minha irmã é dizer que ela criou uma fantasia. Ela viveu em uma fantasia e morreu em uma fantasia", disse Trudy.
Não precisa ser muito inteligente para inferir que as irmãs não se davam bem. Tanto Trudy quanto Rosalind souberam da morte da irmã mais velha por meio de notícias on-line. Nenhuma das duas foi convidada para o funeral e não sabiam quando ele aconteceria até que um padre as contatou.
Quando questionada se achava que a vida ou a carreira de Sacheen teriam sido melhores se ela nunca tivesse se declarado indígena americana, Rosalind hesitou.
- "Sacheen não gostava de si mesma. Ela não gostava de ser mexicana. Então, sim, foi melhor para ela interpretar outra pessoa.”
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