![]() | Ontem à noite, enquanto você dormia profundamente, o resto do reino animal também dormia: avestruzes, ornitorrincos, peixes, moscas... a "pernilonga" não, a desgraçada dorme de dia para atazanar sua noite. Mas, para algo tão rotineiro e universal, o sono é na verdade bastante misterioso. Por que criaturas entrariam tão regularmente em um estado em que estão vulneráveis a predadores ou incapazes de fazer coisas importantes como acasalar ou comer? Qual é o verdadeiro propósito do sono? |

Cientistas sugeriram algumas soluções para o mistério do sono. Alguns acreditam que ele evoluiu para dar ao cérebro a chance de se reconfigurar após um dia inteiro de aprendizado; outros o veem como uma forma de eliminar toxinas que se acumulam ao longo do dia; e outros ainda pensam que ele evoluiu para dar ao cérebro a chance de consolidar as memórias que criamos enquanto estamos acordados.
Não está claro, porém, qual dessas teorias está correta, e para todas elas há um elefante na sala. Não, sério, há um elefante na sala de verdade, no que diz respeito a nós.
Os elefantes da savana africana são conhecidos por terem o sono mais leve do reino animal. É difícil dizer se eles estão acordados ou dormindo, pois podem dormir em pé.
Por isso, pesquisadores implantaram dispositivos de monitoramento de atividade em dois elefantes selvagens, capazes de medir seus movimentos e fornecer pistas sobre se estão dormindo ou não.
Esses dispositivos, implantados nas trombas dos elefantes, revelaram que eles dormem apenas duas horas por noite. Esses são os sonos mais leves já registrados, e nem sequer são contínuos, sendo distribuídos em vários períodos.
Em algumas noites, os elefantes não dormiram nada, talvez porque estivessem tentando proteger suas famílias de leões ou caçadores furtivos.
Muitos de nós já passamos noites em claro, mas sofremos as consequências. Esses elefantes não. Parecem nunca precisar compensar as noites mal dormidas.
Então, surge a questão: se o sono evoluiu para nos ajudar a reiniciar o cérebro, eliminar toxinas ou consolidar novas memórias, como é possível que elefantes, com cérebros enormes e memórias notoriamente excelentes, consigam se virar com tão pouco sono?
Provavelmente, os animais que dormem possuem adaptações ainda desconhecidas que lhes permitem lidar com tanta privação de sono, e descobrir quais são essas adaptações pode nos dizer não apenas por que o sono evoluiu, mas também por que os animais variam tanto na quantidade de sono que precisam.
Tomemos como exemplo a preguiça: essa criatura tem a reputação de ser preguiçosa devido a estudos com animais em cativeiro, mas as preguiças selvagens dormem 10 horas por dia, não muito mais do que um estudante universitário comum.
O campeão da soneca é o pequeno morcego marrom, que dorme 19 horas por dia. Cavalos selvagens dormem apenas 3 horas por dia. Golfinhos podem dormir com metade do cérebro ativa enquanto a outra metade permanece alerta, revezando-se. De fato, golfinhos podem ficar acordados por dias a fio, mas ainda assim cada metade dorme cerca de quatro horas por dia.
Há uma crença comum de que as pessoas dormiam muito mais do que nós hoje em dia antes da vida moderna arruinar tudo, mas não foi isso que os cientistas descobriram quando deram relógios Actiwatch a caçadores-coletores que vivem na Tanzânia, Namíbia e Bolívia.
O Actiwatch é um dispositivo vestível (semelhante a um relógio de pulso) que usa um acelerômetro para medir objetivamente a atividade física e os padrões de sono/vigília de uma pessoa, registrando movimentos e, em modelos mais recentes, também a exposição à luz, sendo usado em pesquisas e clínicas para estudar ritmos circadianos, distúrbios do sono e atividade diária, com dados analisados por um software especializado.
Essas pessoas do grupo de pesquisa vivem estilos de vida tradicionais, mas dormem apenas entre 6,9 e 8,5 horas por noite, o que não é muito.
Os pesquisadores também descobriram que esses grupos dormem em padrões fragmentados e assíncronos, com alguém quase sempre acordado, proporcionando vigilância natural.
Além disso, a temperatura, e não a luz, parece regular seus ciclos de sono-vigília mais do que nas sociedades modernas, desafiando mitos sobre o sono "perfeito" dos paleolíticos e revelando padrões evolutivos ligados ao ambiente e à idade.
Mais do que os ocidentais percebem, o que toda essa pesquisa mostra é que o sono é realmente confuso, perigoso, mas necessário, universal, mas diverso, rotineiro, mas misterioso. Finalmente estamos despertando para o quão estranho e variado o sono pode ser.
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