![]() | O padrão migratório das zebras entre o Parque Nacional Chobe e o Parque Nacional Nxai Pan, em Botsuana, é de fato um fenômeno notável. A jornada de 500 quilômetros é considerada a migração terrestre de mamíferos mais longa e perigosa registrada na África. Embora não se saiba o número exato de mortes, milhares de zebras enfrentam imensos desafios. Algumas fontes sugerem perdas significativas (centenas de milhares ao longo do tempo) devido à fome e à sede e a predação por leões hienas e mabecos. |

Apesar de não haver números específicos publicados sobre as perdas anuais na rota Chobe-Nxai Pan, a escala (mais de 20.000 zebras) implica uma mortalidade substancial por causas naturais.
Na ida as zebras viajam aproximadamente 500 km em linha reta e até 700 km no percurso de volta, que é menos direto, entre as planícies aluviais do Rio Chobe e as pastagens do Nxai Pan.
A viagem de ida pode levar de 10 a 20 dias, enquanto o retorno pode levar meses, já que as manadas se desviam do percurso para aproveitar novos recursos.
A migração é desencadeada pelo início da estação chuvosa (normalmente em dezembro) no sul, que rejuvenesce as pastagens ricas em nutrientes no Nxai Pan e nas Makgadikgadi Pans. Elas permanecem no sul durante a estação úmida (dezembro a março) e retornam ao norte à medida que a paisagem seca.
Incrivelmente, esta migração só foi documentada e confirmada por cientistas apenas em 2012, através de colares GPS. A rota tinha sido bloqueada por cercas veterinárias durante décadas. Erguidas na década de 1960 e removidas em 2004. Após a implantação das cercas, praticamente a totalidade das zebras morria no meio do caminho.
Nenhuma zebra viva se lembrava do caminho, sugerindo uma memória genética inata notável que permitiu que o comportamento migratório ancestral fosse retomado.
O seguinte vídeo mostra uma equipe de pesquisa rastreando três zebras com coleiras durante sua migração. Por terra e ar, eles monitoram quais animais completam com sucesso a perigosa jornada e como estão se saindo ao longo do caminho.
A zebra Janet foi a primeira de que se tem registro a fazer essa migração com sua família depois da retirada da cerca. Spirit estava grávida quando partiu. E a coleira com GPS de Socks falhou, mas pode ainda estar transmitindo um sinal de rádio.
As imagens são do terceiro episódio de "Épicas Jornadas na Natureza", onde Liz Bonnin narra as perdas, os novos nascimentos, os ferimentos causados por predadores e a chegada das zebras ao seu destino para se alimentarem de grama fresca após as chuvas.
Cerca de 20.000 a 30.000 zebras participam nesta e em uma outra migração intimamente relacionada (entre o Delta do Okavango e as Makgadikgadi Pans), tornando-a a maior migração de mamíferos na África Austral.
A migração é vital para o ecossistema, permitindo o pastoreio sustentável de diferentes áreas e, apesar da grande mortandade de zebras, alimentando predadores como leões, hienas e mabecos, que de outra forma morreriam de fome.
Em algumas cenas você vai notar a evolução trabalhando em favor das zebras-das-planícies, também conhecidas como quaggas: no seu quarto traseiro elas têm listras marrons m cima das listras brancas, sempre lembrando que zebras são pretas.
Os biólogos não sabem muito bem qual é o motivo desta distinção, mas avaliam 3 hipóteses: camuflagem interrompendo a visão dos predadores, reconhecimento social de padrões únicos para o vínculo entre mãe e filhote e, a mais provável, repelência de moscas picadoras, que são mais numerosas nas planícies, e listras marrons apenas no traseiro, onde os insetos são mais ativos.
E afinal quem pratica a migração mais longa da Terra em terra. Essa honra pertence ao caribu. Segundo um estudo publicado em 2019, um lobo-=cinzento na Mongólia percorreu mais de 7.000 quilômetros em um único ano, mas o caribu ostenta a mais longa migração anual. Constatou-se que os caribus, de diversas populações, possuem as mais longas migrações, com distâncias de ida e volta superiores a 1.200 km.
Mas a viagem do lobo com uma coleira GPS realmente é de cair o cu da bunda. Para se ter uma ideia, seria o equivalente a você caminhar de Oiapoque ao Chui e depois voltar até São Paulo... em um ano. Mas isso já é assunto para um outro post.
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