![]() | Aves canoras coloridas, conhecidas como saíras-beija-flor, também chamados apenas de saís, já foram abundantes no Havaí, enchendo o ar com seus cantos alegres e plumagem vibrante. No entanto, essas criaturas nativas agora lutam para sobreviver devido à malária aviária, uma doença fatal transmitida por mosquitos invasores. Das mais de 50 espécies de saíras-beija-flor que viveram nas ilhas, apenas 17 sobrevivem até hoje. |

Agora, cientistas elaboraram um plano inteligente para ajudar as aves a se recuperarem. Eles estão usando drones para lançar milhares de mosquitos machos não picadores criados em laboratório, geneticamente modificados para transportar uma cepa de bactéria que interfere na reprodução.
Quando esses machos especiais acasalam com fêmeas selvagens, os ovos resultantes não eclodem, o que deve reduzir a população geral de mosquitos e dar às aves um descanso muito necessário.
O projeto é liderado pela "Pássaros, Não Mosquitos", uma coalizão de organizações estaduais, federais, privadas e sem fins lucrativos que trabalham para proteger as aves nativas do Havaí.
Desde o início do projeto contra mosquitos em novembro de 2023, eles já soltaram mais de 40 milhões de machos em habitats de saís em Maui e Kauai.
A maioria das dispersões de mosquitos foi feita a partir de helicópteros. Mas, recentemente, o grupo começou a experimentar drones de 2,4 metros de comprimento.
Um drone não consegue transportar tantos mosquitos quanto um helicóptero -apenas 23.000 em comparação com 250.000-, mas é mais seguro, pois não requer a presença de humanos a bordo.
Os drones também são mais fáceis de acionar a qualquer momento, o que é uma grande vantagem em uma área com clima frequentemente imprevisível.
Os mosquitos são colocados em pequenas cápsulas cilíndricas feitas de polpa de papel biodegradável esterilizada. Cada cápsula contém cerca de 1.000 machos, que são mantidos vivos dentro de uma caixa de transporte com temperatura controlada acoplada ao drone.
Uma vez liberadas, elas caem no chão da floresta, onde fornecem proteção aos mosquitos até que estejam prontos para voar. As cápsulas então começam a se decompor quando expostas aos elementos.
Os organizadores ainda estão testando os drones, que começaram a ser usados em abril. Mas, se tudo correr bem, esperam começar a integrar os veículos não tripulados às suas operações de supressão de mosquitos
Os mosquitos não são nativos do Havaí. Essa é mais uma daquelas "cagadas" promovidas pelo ser humano. Depois que um navio baleeiro com o convés sujo os levou acidentalmente para as ilhas em 1826, eles se proliferaram no clima quente e úmido.
O Havaí abriga atualmente oito espécies de mosquitos. Mas as duas que mais preocupam os biólogos da vida selvagem são o mosquito-doméstico-do-sul (Culex quinquefasciatus), transmissor da malária aviária, e o mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus), transmissor da varíola aviária
Ambas as espécies preferem viver em altitudes mais baixas e quentes. Mas, com as mudanças climáticas aquecendo o planeta, os cientistas temem que os insetos em breve possam prosperar em altitudes mais elevadas: o último reduto remanescente dos saís.
Reprimir a população de mosquitos pode ser a única chance de sobrevivência das aves. Os mosquitos machos liberados carregam uma cepa natural de bactéria chamada Wolbachia, que atua efetivamente como um controle de natalidade dos mosquitos.
O mesmo método, chamado de "técnica do inseto incompatível", foi usado em outras partes do mundo, incluindo México, Califórnia, China e Brasil. Em outros lugares, no entanto, a técnica é usada principalmente para controlar mosquitos que transmitem doenças a humanos, não a animais.
A técnica já foi implementada em diversas cidades brasileiras, como Niterói/RJ, Campo Grande/MS, Belo Horizonte/MG, Joinville/SC e outras, com resultados promissores contra o pernilongo-rajado (Aedes aegypti), transmissor da dengue, zika e chikungunya.
A Wolbachia é uma bactéria presente em mais de 60% dos insetos na natureza, e o método é considerado seguro para humanos e animais. O método está sendo avaliado pelo Ministério da Saúde e pode ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) no próximo ano.
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